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quarta-feira, 28 de novembro de 2007

Palavras procuram-se

Há dias em que é uma prioridade, talvez até uma urgência...escrever, ordenar as ideias que surgem , procurar a palavra que falta ou a pontuação correcta. Noutros, nada sai, nem palavras nem ideias..e por isso impossivel pontuar o que não existe.
Hoje acordei com a cabeça cheia de palavras, pensei em anotar, perante a impossibilidade de vir aqui escrever nessa altura...chamadas telefónicas, preocupações, assuntos, outras emergências a sobreporem-se... tanta coisa a chamar, a reclamar atenção... e às 9h30 ter que estar a trabalhar....A decisão "fica para mais logo..."
Agora queria relaxar, distrair-me do peso do dia, aliviar a tensão e vim para aqui....mas surge-me uma caixa em branco...espero....não vem nada, não sai! Como vou preencher isto? Não sai...mas costuma ser fácil, epera...mais um pouco...
E então as ideias da manhã? Por onde param as palavras com que acordei cedo?Andam por ai a vaguear...não sei...mas se alguém as encontrar, por favor avise...quero-as de volta...sinto falta de as ordenar, sem elas fico sem saber o que dizer...

terça-feira, 27 de novembro de 2007

Não vá o diabo tecê-las


"Esperemos simplesmente que as crianças que nascem hoje ainda tenham, daqui a vinte anos, um pouco de erva verde para os seus pés descalços, um pouco de ar puro para os seus pulmões, um pouco de água azul para embarcar, e uma cauda de baleia no horizonte para preencher os seus sonhos." Jean-Jacques Cousteau

Senti saudades de vagabundear na Marina da Horta, no Faial.

Na minha visita às ilhas açorianas, o coração ficou-me preso nas magnificas pinturas que cobrem toda a marina e que os velejadores executam meticulosamente antes de partir, "dá boa sorte", dizem os supersticiosos...e nestas coisas, o melhor mesmo é, está-se a ver , cumprir a tradição, "não vá o diabo tecê-las", porque há sempre estórias a confirmarem a maldição dos que ousaram levantar a âncora sem deixar o seu contributo artístico no magnifico cais da marina...e "quem te avisa, teu amigo é..."isso também sabemos...

Mas apesar dos velejadores serem supersticiosos, eu não sou, mas concordo que a marina tem a sua mística, e não hesitaria em fazer o melhor rabisco, tão perfeito quanto fosse capaz e pintá-lo com as cores mais garridas para que vibrassem ao sol.., não pela sorte ou azar que me trouxessem, mas porque me agradaria pertencer àquele imenso mosaico de cores e formas que se estendem por todo o lado...das paredes ao chão...e do chão até tocarem o imenso oceano...que por sua vez toca de leve o céu todo...

Esta pintura não se decora nem se fixa porque se reinventa e se renova a cada instante, a cada simples partida, a cada adeus, como um enorme camaleão preguiçoso e esticado ao sol...as mais recentes sobrepondo-se às mais antigos que se vão gastando de tanto serem olhados, desbotando de tanta luz, perdendo o brilho de tanto sol, cedendo espaço a novas criações...metamorfoseando-se ao sabor das marés que espreitam o Pico...

E é bonito e emocionante aquele painel, porque é o testemunho de vidas que se cruzam por ali, por certo sem ali coincidirem ao mesmo tempo, sem se tocarem ... mas que sem dúvida foram tocadas por esta mesma paisagem de beleza ímpar...

Desejei voltar, para ficar por ali, perdida, meia distraida, quando me reformasse, a inventar estórias para aqueles desenhos, a imaginar fantásticos percursos e poder ir ao Peter para encontrar verdadeiros herois solitários, de carne e osso e pele curtida, olhar vago e imenso... que chegam e partem de e para todos os cantos do mundo...
Os portos devem ser lugares fabulosos! De vida! De saudade! De encontro! De esperança tambem...De herois anónimos de que ninguém fala...mas esta marina é apenas mágica!

Valha-me isso

Estou enfiada num quarto de hotel no Funchal...de nada me servem as espreguiçadeiras da piscina ou a varanda com vista para Atlântico...olho os turistas com deconfiança...só eles têm direito a usufruir de tudo...

Estou em trabalho e a responsabilidade às vezes provoca-me cólicas...um horror! Normalmente não é assim...mas desta vez é...

É injusto, mas tem que ser.... As vezes o meu trabalho castiga-me...espreito o mar e queria sair pela janela a voar... mas depois penso que amanhã tenho que entrar, pelos meus próprios pés, na sala de formação...penso melhor e recuo, volto para o meu regime de clausúra...pelo menos inspirei a noite, ouvi o silêncio...Valha-me isso!!!
Volto para o ecran do computador....

domingo, 25 de novembro de 2007

És o máximo...








Olhou para as pedras de gelo no seu copo...
Claro que era whisky o que estava a beber e, claro que gostava de sentir no torpor dos sentidos, o invocar de recordações perdidas no tempo... sentimentos antigos... presos num passado longínquo... talvez irreais...

Um dia, predisseram-lhe o futuro, mas ele, sempre céptico, nunca quis acreditar em ciências divinatóroias...

E agora, tudo o que desejava, era esquecer as imensas linhas do destino, que cruzam, descruzam, confudem e se fundem para se perderem para sempre na sua palma da mão...

Já não destinguia bem, claro está! Seria da música que estava demasiado alta? Ou do fumo espesso?

Hà quantas horas estaria ali? Pressentia que havia muita gente à sua volta, mas ele estava numa espécie de cegueira...

SÓ...completamente SÓ...como todos os demais...a quem importa?
Abandonado e esquecido num bar... encostado ao balcão... apenas ele e o seu whisky on the rocks... afogado naquele líquido...
-"No soda, please"!

Não recordaria nenhum rosto, nenhum olhar, nenhuma presença... apenas as pedras de gelo no seu whisky preferido... e talvez uma música vaga... um refrão repetido, monótono e seguramente demasiado alto! E claro. o fumo...o nevoeiro que apagava os contornos e adoçava a triste realidade...

Continuou a beber...sempre...e mais... quantos seriam? Não tinha a miníma ideia... saberia no ticket da máquina registadora...mas que importa? A quem importa?
-"Mais um, por favor..."
Só mais um...e só mais outro ...e ainda só...

SÓ...apenas...no meio da multidão sem rosto...sem identidade...como ele próprio, diluido num liquido dourado...

Perdeu-se nas pedras que se derretiam lentamente no alcool amarelado, envelhecido... E depois, um enorme esquecimento sobrepôs-se a tudo...

Era novo? velho?..o whisky? Nunca saberia...

Acordou já tarde, no final da manhã... a boca tão amarga! e ouviu uma voz desconhecida e rouca sussurrar-lhe ao ouvido:

-" Querido, tens mau beber" ..."mas, mesmo bêbado, és o máximo!..."

quinta-feira, 22 de novembro de 2007

terça-feira, 20 de novembro de 2007

impromptus-schubert

As nossas mãos


Sempre atarefadas e multifuncionais
entretidas a fazer coisas e mais coisas
e ainda muitas mais
Um dia tocaram-se
e ainda que
muito ao de leve,
pararam subitamente...
entrelaçaram-se
e saborearam o contacto,
ainda que estranho
apenas a pele na pele
ainda assim desconhecidas,
as mãos apertaram-se forte,
e tão mais fortemente
foram permanecendo...
Por um instante apenas?
Ou até aquela esquina?
Talvez para o resto do caminho?
Quem sabe se por um momento de ilusão?
Mas forte...e nada mais

domingo, 18 de novembro de 2007

Diálogo

Um dia ele agarrou-lhe o rosto entre as mãos e chorou baixinho:

-Vai haver sempre um sabor a vazio nos teus beijos e um rasgo de paisagem desértica no teu olhar

Ela desviou a face, sorriu vagamente e respondeu numa voz sumida...

-Querido, nada é definitivo...

No limiar do real


O sítio pouco importa...havia uma linha de água infinita, onde o rio se entrega ao mar...Ela recordaria aquele fim de tarde, mas só muitos anos depois quereria aí voltar, nessa altura já tinha perdido a memória do local...era péssima a orientar-se... isso todos sabiam...

-Estás a deixar arrefecer o café-disse ele, apenas para cortar o silêncio que se instalara...
-Devias saber que gosto dele frio- respondeu-lhe ela, sem que os olhares se cruzassem, num tom de indiferença, enquanto compôs uma mecha de cabelo desalinhada sobre a testa...

Claro que ele sabia, mas a luz fria e branca de inverno cedia ao entardecer...e o sol era engolido naquela imensidão de água...Ela recordaria aquele momento sim, mas para já ainda não desconfiava de nada e iria demorar a perceber..."também o tempo precisa de tempo"-diria mais tarde.

Não há urgência, nem brisa, nem sinais de maré...os ponteiros do relógio param e tudo fica irremediavelmente imóvel...não interessa que exista ainda consciência do que se passa e dos acontecimentos que se irião precipitar..

Ela começou a rabiscar um guardanapo, cobrindo-o de pequenas linhas paralelas, em formas geométricas, ele observava-a, como se tentasse decifrar um enigma formado por uma infinidade de traços...

Continuavam em silêncio, ele desejou ainda, pela milésima vez, abraçá-la, envolvê-la, até aconchegá-la...mas ao estender os braços compreendeu que ela era ou estava inalcansável...e no turbilhão de memórias que perturbaram aquela paisagem estática, queria apenas ouvir, nem que fosse por uma última vez, a sua voz, com retoques de doçura "vá, por favor, conta-me uma história", mas ela estava fundida com o infinito, no único sítio donde ele jamais poderia resgatá-la.

E uma certeza sobrepôs-se a tudo, a de que esse tempo não regressaria e ele não voltaria a adormecê-la...


Saudades do futuro


Manteve o livro aberto naquela mesma página, mas o olhar abstracto, seguia a estreita coluna de fumo do cigarro a elevar-se, lembrava-lhe vagamente a figura estilizada de uma bailarina, a executar no espaço movimentos livres, uma coreografia em "slow motion", de alguém que se tenta libertar do corpo, da gravidade, da própria materialidade ...

Também ela tinha uma série de sonhos em suspenso...e lembrava-se bem, o momento preciso em que tudo de repente mudou...e o tempo interior passou a arrastar-se no ritmo inverso da vida...como os relatos das estórias de encantar...

E o futuro? Mas que futuro? Conhecia apenas os dias que se sucediam como as contas de um rosário, como missangas de um colar...uma certas, outras irregulares mas todas seguidinhas...e de repente sentiu saudades do tempo em que conhecia o futuro...

sábado, 17 de novembro de 2007

Fica para outra vez...

Na penumbra, a um canto, junto às máquinas de flippers, existia este "dispensador" de música, carregado com os sucessos da altura, nas palavras de hoje, repleto de música "pimba"...
Quem quisesse cortar o silêncio reinante, sobrepor-se ao barulho da máquina de café ou fosse dominado por um impulso romântico em plena "hora-da-bica", só tinha que ler as etiquetas nos botões, colocar a moeda certa na ranhura, em escudos claro, seleccionar a música e, por uns breves minutos, ecoavam por todo o café, para pagante e não pagantes, estendendo-se á zona exposta à luz, mesmo juntinha à janela, os acordes de refrões conhecidos que eram trauteados "cause I miss you, I miss you...ohhhh I miss you..."
E a selecção recaia invariavelmente sobre música romântica, vozes que choravam dores de amores ingratos, não retribuidos, traidos e as saudades da separação, da perda... e a máquina lá chiava... num regiso de péssima qualidade, of course I miss you... Ohhhhh!...É que não havia outra escolha possível...
Apesar de estarmos em plena época da revolução de Abril, e o café ser frequentado por uma "certa esquerda", na hora da nostalgia, o Zeca não se encontrava entre as opções... e, é bom de ver, que os males de coração atacam à direita e à esquerda, quem é que não tem saudades de alguém? Há-se ser sempre assim...
É claro que a maioria dos frequentadores que enchiam a máquina de moedinhas, faziam-no tão somente pelo gozo, pelas gargalhadas que as letras provocavam, sobretudo os intermináveis refrões e pelo ridiculo das músicas...era um moeda em troco de uma boa disposição instantânea...e por isso a máquina fez grande sucesso na altura...
Mas a sua sorte iria mudar, as máquinas cairam em desuso, desapareceram dos locais com afluência. Actualmente existe uma nova versão, estamos na era digital, claro está! As pessoas andam por aí, sisudas, sonâmbulas, surdas aos sons da cidade, alheadas do que acontece à volta, ligadas umbilicalmente a um ipod...que garante em exclusivo, o que se quer ouvir...é mais cómodo e vai para qualquer lado. Não há embaraços públicos para quem tiver um súbito apetite por qualquer coisa do tipo I miss you...mas também não é tão divertido, garanto.

Hoje estava sonolenta, levantei-me com o propósito de escrever...escrever o quê? Pois é, o que quer que fosse ainda estava muito indefinido, vago, provavelmente ainda a germinar, a aguardar o momento... e apeteceu-me ter um destes dispensadores, em que, a troco de uma simples moeda, eu pudesse fazer sair uma fiadinha de palavras, pimba ou não, para introduzir aqui no blogue...

Só depois é que reparei que ontem, o arrumador de carros, me levou os trocos todos...e sem moedinha, não há nada para ninguém...Por isso fica para outra vez...

quinta-feira, 15 de novembro de 2007

Fernando Pessoa, Eros e Psique...


Conta a lenda que dormia
Uma Princesa encantada
A quem só despertaria
Um Infante, que viria
De além do muro da estrada.
Ele tinha que, tentado,
Vencer o mal e o bem,
Antes que, já libertado,
Deixasse o caminho errado
Por o que à Princesa vem.
A Princesa Adormecida,
Se espera, dormindo espera.
Sonha em morte a sua vida.
E orna-lhe a fronte esquecida,
Verde, uma grinalda de hera.
Longe o Infante, esforçado,
Sem saber que intuito tem,
Rompe o caminho fadado.
Ele dela é ignorado.
Ela para ele é ninguém.
Mas cada um cumpre o Destino
Ela dormindo encantada,
Ele buscando-a sem tino
Pelo processo divino
Que faz existir a estrada.
E, se bem que seja obscuro
Tudo pela estrada fora,
E falso, ele vem seguro,
E, vencendo estrada e muro,
Chega onde em sono ela mora.
E, ainda tonto do que houvera,
À cabeça, em maresia,
Ergue a mão, e encontra hera,
E vê que ele mesmo era
A Princesa que dormia.

Fernando Pessoa

Sim, sei bem
Que nunca serei alguém.
Sei de sobra
Que nunca terei uma obra.
Sei, enfim,
Que nunca saberei de mim.
Sim, mas agora,
Enquanto dura esta hora,
Este luar, estes ramos,
Esta paz em que estamos,
Deixem-me crer
O que nunca poderei ser.

quarta-feira, 14 de novembro de 2007

Alice e o gato

- Podes dizer-me, por favor, que caminho devo seguir para sair daqui?

- Isso depende muito de para onde queres ir – respondeu o gato.

- Preocupa-me pouco aonde ir – disse Alice.

- Nesse caso, pouco importa o caminho que sigas – replicou o gato.

“Alice no País das Maravilhas”
Lewis Carroll

Se não tivermos objectivos dificilmente podemos orientar-nos, escolher uma direcção e um caminho. Os objectivos implicam escolhas pessoais, dependendo das prioridades que cada pessoa atribui a uma imensidão de valores. Mas existem outros factores, desde logo a possibilidade de escolher mas também o de surgirem as oportunidades certas para a concretização…
Mas sim, definir objectivos “é meio caminho andado”…e permite ter uma visão estratégica sobre a vida, o mundo...e o que quer que seja...Há pessoas tão perfeitas!

Concordo com tudo e tenho que treinar, no contexto do meu trabalho, a operacionalização dos objectivos e toda uma estrutura de argumentos, regras, exercícios e blá blá blá blá…...vou dispensar-me de contar tudo aqui...

Parece fácil mas não é...pelo menos para alguns... e a atitude da Alice é comum a muitas pessoas interessantes que conheço que não têm certezas absolutas, não sabem tudo à partida nem casam com a casa toda montada e os cortinados pendurados...tudo perfeito e tão lindinho...
Existem pessoas que se deixam seduzir pelo caminho, atravessam a vida como viajantes, escolhem mais a estrada que os destinos..e a mim esta ideia agrada-me... porque a maioria das coisas relevantes só se percebem totalmente quando passaram e nos podemos distanciar delas...e dizer...ah...se soubesse o que sei hoje!....inútil....a vida não funciona assim...com algumas excepções...
E as excepções são justamente os gatos sabichões...que desprezam os percursos e estão prontos para vencer as maratonas, derrubar barreiras, contornar obstácilos e avançar, avançar sempre, rumo a um destino pré-definido..qual salmão na desova no encontro com a morte...

Pessoalmente, sei que por vezes sou tentada por caminhos, às vezes corta-matos... e ainda hoje não sei qual é o meu destino, mas vou sabendo por onde ir…por isso discordo do gato, porque o caminho importa sim…a viagem pode valer por tudo o resto...

terça-feira, 13 de novembro de 2007

Love me or love me not

Estou a carregar acriteriosamente as fotografias tiradas em Angola...porque sinto uma tremenda dificuldade em escolher, talvez até incapacidade... é que gosto delas todas. Não é uma questão de imodéstia, o verdadeiro motivo é que cada imagem me faz viajar no tempo e no espaço e me reporta a uma situação, a uma descoberta, a um testemunho, a um momento preciso, a uma estória, sempre à volta do mundo das emoções...e foram tantas, nesta terra tão generosa...Está assim justificada a falta de exigência estética, técnica ou qualquer outra...Não é grave, posso sempre regressar e corrigir a minha falta de selectividade...além de que os motivos são perfeitamente compreensíveis…

A minha relação com Africa é inexplicável...mas bem no fundo, no fundo sabemos que, se procurarmos as causas das coisas, tudo é explicável e explicado, tudo está carregado de sentido e significado, porque "o coração tem razões que a razão desconhece" e estas normalmente são sempre fortes, muito fortes....Mas posso afirmar que é uma relação muito antiga, quase tão antiga como eu, de facto até mais antiga do que eu...e remonta a duas gerações anteriores...Não posso esquecer as estórias de família, repetidas vezes sem conta, pela voz da minha querida avó mas também pelos pais e tios...Tudo documentado em álbuns de fotografias e objectos que constituem para mim autênticas preciosidades...relíquias que estimo e prezo, percebe-se bem porquê…

Africa, viver em Africa, fez sempre parte do meu imaginário de criança, de adolescente e de adulta...nasci e cresci com o coração virado para sul...e é para sul que me oriento sempre...não há volta a dar...gosto daquelas latitudes...do calor e dos cheiros, dos sabores e do ar, das cores e dos sorrisos, da crianças e das paisagens infinitas, de horizontes para lá do que adivinhável...

E se é frequente perder o Norte, certamente que sim, não será fácil perder o sul, com certeza que não...e sabemos bem que as relações idealizadas estão carregadas de romantismo e fantasia e facilmente resistem ao desgaste, ao tempo...

O meu olhar também é peculiar, a prová-lo está a minha câmara que captava sempre outras imagens, percepções, perspectivas e realidades...que em nada coincidem com o olhar dos outros expatriados meus colegas, que estavam e se mantêm por aquelas paragens apenas para ganhar "o seu" ...e os africanos sentem isso, sabem quando o respeito vem de dentro ou é apenas a atitude "politicamente correcta", porque estas coisas sentem-se...vá se lá saber como e porquê...mas eles sabem-no...

Africa é pois uma questão de "love me or love me not", desculpem-me os puritanos da língua, mas estou a escrever under english influence...mas também posso traduzir em línguas daquelas paragens, é que aprendi a dizer “Muxima wami wa Angola”, e é verdade, mais “Muxima wami wa Africa”...pois é....

Titi, tenho que ir à net para fazer o minha homework


Claro que antigamente não era nada disto! recordo a ardósia, a obrigatoriedade da caneta a tinta permanente, que deixava borrões nos cadernos e manchas entre os dedos...

Para quem não tenha vivido nesses tempos, sempre direi que cantávamos o hino nacional e rezávamos a ave-maria e o pai-nosso como quem recita a lengalenga da tabuada 2x1dois, 2x2quatro, 2x3seis e por ai fora...até parar nos 9x1nove, 9x2dezoito, 9x3vintesete...e 9x10noventa!!! Tudo o que desejávamos era que chegasse o NOVENTA!

A única diferença entre essas actividades colectivas e em coro, é que cantavamos a tabuada sentados, enquanto as rezas e o hino impunham que permanecessemos imóveis, de pé...e conforme o caso, fizessemos um ar compenetrados de pequenos beatos ou de minituras de heroís nacionais.

Naquela altura, se estivessemos nas nossas carteiras de madeira a fazer os trabalhos, tinhamos que nos levantar, sempre que um adulto entrasse na sala e, mantermo-nos de pé, em sinal de respeito, até nos ser dada permissão para sentar de novo.. Escusado será dizer, que um adulto era sempre respeitável...

Ainda havia as idas ao quadro, aí, era mesmo desejável que acertassemos, que encotrassemos as palavrinhas certas ou o números correctos, dali de cima do estrado, sentiamo-nos ainda mais minusculos e vuneráveis, expostos a todos, objecto de tantos pares de olhos atentos e mesmo ao ladinho da régua...sim, havia régua e não tinha um mero efeito intimidativo, era mesmo para usar, e era usada...e um dos piores momentos foi certamente testemunhar as réguadas aplicadas aos nossos colegas e amigos e não poder dizer ou fazer nada...fazia-nos a todos cumplices da humilhação...

Ficávamos sem intervalo...mas o pior era que o castigo com frequência se prolongava para casa, bastando um pequeno recado no caderno, e lá tinhamos nós num "hoje não brincas", "não vês desenhos animados", "não isto e aquilo" após um dia que não tinha corrido especialmnte bem ...

Os adultos estavam todos feitos uns com os outros e legitiavam-se uns aos outros, até davam uma "conotação afectiva" aos seus actos de violência..."se bate é porque se importa contigo..." e porque o complô entre os professores, os pais e a sociedade...tinha a nobre missão de transformar meninos maus em meninos bons...e sim, eles tinham a formula...e não era uma tarefa simples!!!

E era bom que o processo de conversão do meninos maus em meninos bons tivesse êxito, porque a haver qualquer falha e, apesar do esforço dos "grandes", se nós na altura tão crianças teimassemos em ser maus, mais tarde iriamos presos para trás daqueles muros assustadores e cinzentos com raras visitas da família e quando moressemos o destino implacável seria bem pior, pois niguém nos poderia livrar de arder para sempre no fogo do inferno sem fim, de labaredas ávidas....num castigo interminável...e sem direito a visitas...ponto final.

Por isso, sorri quando a "minha" Ana me põs fora do computador e disse num português quase irrepreensivel "Titi, tenho que ir à net para fazer o minha homework"...

segunda-feira, 12 de novembro de 2007

Florbela Espanca, Inconstância

Procurei o amor, que me mentiu.

Pedi à Vida mais do que ela dava;

Eterna sonhadora edificava

Meu castelo de luz que me caiu!

Tanto clarão nas trevas refulgiu,

E tanto beijo a boca me queimava!

E era o sol que os longes deslumbrava

Igual a tanto sol que me fugiu!

Passei a vida a amar e a esquecer...

Atrás do sol dum dia outro a aquecer

As brumas dos atalhos por onde ando...

E este amor que assim me vai fugindo

É igual a outro amor que vai surgindo,

Que há-de partir também... nem eu sei quando...

Florbela Espanca, Se tu viesses ver-me...

Se tu viesses ver-me hoje à tardinha,
A essa hora dos mágicos cansaços,
Quando a noite de manso se avizinha,
E me prendesses toda nos teus braços...
Quando me lembra: esse sabor que tinha
A tua boca... o eco dos teus passos...
O teu riso de fonte... os teus abraços...
Os teus beijos... a tua mão na minha...
Se tu viesses quando, linda e louca,
Traça as linhas dulcíssimas dum beijo
E é de seda vermelha e canta e ri
E é como um cravo ao sol a minha boca...
Quando os olhos se me cerram de desejo...
E os meus braços se estendem para ti...

Florbela Espanca, Ser Poeta

Ser Poeta

Ser poeta é ser mais alto, é ser maior

Do que os homens! Morder como quem beija!

É ser mendigo e dar como quem seja

Rei do Reino de Áquem e de Além Dor!

É ter de mil desejos o esplendor

E não saber sequer que se deseja!

É ter cá dentro um astro que flameja,

É ter garras e asas de condor!

É ter fome, é ter sede de Infinito!

Por elmo, as manhãs de oiro e de cetim...

É condensar o mundo num só grito!

E é amar-te, assim, perdidamente...

É seres alma, e sangue, e vida em mim

E dizê-lo cantando a toda a gente!

domingo, 11 de novembro de 2007

sábado, 10 de novembro de 2007

In the UK yehhhhhhhhh


Having fun as we always do! Don t we?

Manha no parque


Encontramos sempre formas de nos divertir, por isso agora sinto muito a tua falta...mas as primas falam muito em ti e o Alex vai adorar quando perceber que tm um primo grande para brincar com ele e protegê-lo

Vai acontecer...no Natal

sexta-feira, 9 de novembro de 2007

A menina da flor de agua doce




É uma estória impressionante a desta "menina afegã" cuja identidade se manteve desconhecida apesar de ser uma das fotogafias mais famosas do mundo...

Steve McCurry fotografou-a num campo de refugiados afegãos de Nasir Bagh no Paquistão, durante a invasão da União Soviética ao Afeganistão, em 1984.

Em 1985, o seu rosto e o seu olhar verde percorreram o mundo, na capa da revista National Geographic, tornando-se um símbolo de sofrimento, dignidade e resiliência do seu povo... Mas da "menina afegã" nada se sabia...

Steve McCurry, tentou localiza-la em diversas viagens ao Paquistão e ao Afeganistão...e encontrou-a de novo, 17 anos depois numa zona remota do Afeganistão...


Chama-se Sharbat Gula, o que significa menina da flor de água doce... a orfã pertencente à tribo pastena tornou-se, após um percurso de vida atribulado, uma mulher, mãe de 3 filhas, que ainda se lembrava do momento em que fora fotografada por Steve McCurry, porque nunca o tinha sido antes ou depois... Desconhecia que a sua imagem tinha dado a volta ao mundo em fotos, posters, pins, tapetes, calendários e numerosas publicações... e que era a fotografia mais emblemática da NG.

Ela foi a inspiração para a constituição de um fundo da National Geographic Afghan Girls Fund que patrocina a educação de crianças e mulheres afegãs, criando novas oportunidades...
Sharbat Gulamas professa a religião muçulmana, e por isso foi o marido que permitiu que ela fosse entrevistada e mais uma vez fotografada, o que aconteceu para um documentário da NG, após o que a menina se escondeu por detrás da burca e regressou para o anonimato...
Mas deixou-nos os seus olhos de menina da flor de água doce para nos relembrar o quanto ainda há por fazer...

O seu rosto continua a ser um símbolo dos refugiados...

quinta-feira, 8 de novembro de 2007

Barbara - Dis Quand Reviendras-tu

Freedom

Acordar custa

Stop violence

Eu fui a 227446ª assinatura, e tu?

O sentido estético e o sentido ético...

Um artista da Costa Rica, Guillermo Habacuc Vargas, expôs um cão vadio faminto numa galeria de arte. O cão estava preso por uma corda curta. Ninguém alimentou ou deu água ao pobre cão que morreu durante a exposição. Guillermo Habacuc Vargas foi o artista escolhido para representar o seu país na "Bienal Centroamericana Honduras 2008". Existe uma petição onde é pedido que ele não receba este prémio.

http://www.petitiononline.com/13031953/petition.html

quarta-feira, 7 de novembro de 2007

Para que lado gira a mulher?



Clique em cima da imagem e diga para que lado gira a mulher? No sentido do relógio ou em sentido contrário ao do relógio???
Observe a figura de fundo. Segundo alguns estudiosos, se você vê a mulher girando no sentido horário, significa que trabalha mais o lado direito do cérebro. Se, no entanto, você a vê girar no sentido anti-horário, utiliza mais o lado esquerdo do cérebro. Faça a experiência... O teste é realmente sensacional. Comecei vendo o giro no sentido horário. Quando começo a formular mentalmente questões matemáticas (que usam o lado racional do cérebro, o esquerdo), imediatamente ela muda o sentido de giro para anti-horário. Se eu começo a cantar, nova mudança para o sentido horário (cantando você usa o lado direito, subjetivo, artístico). O mais interessante nessa fórmula que encontrei é que consigo ver o instante em que ela pára e muda o sentido de giro. E as alternâncias provocadas pelos focos em temas objetivos e subjetivos sempre funcionam conforme indicado no primeiro parágrafo.
Carlos Alberto Teixeira, o CAT do caderno "Informática Etc..." do "O GLOBO"
Colaboração: Mara Alice Fernandes (Pelotas/RS)



Nem bom vento, nem bom casamento?

Gostaria de saber se existe alguma congénere da AHIGE - Asociación de hombres por la igualdade de género em Portugal e até gostaria qe existisse sim...

Conheço alguns bons exemplos de militância masculina a favor da igualdade de género...felizmente! mas muito me entristecem os vulgares exemplos pró machistas de mulheres...
A vida é o que é...mas não tem que ser assim...e sinto-me pessoalmente muito responsavel pelo facto de não ter motivação para me envolver e intervir cívica e políticamente...condição necessária para que se operem mudanças significativas...e denúncio publicamente e em jeito de penitência a minha alergia pelo poder...
Mas um dia destes temos mesmo que mudar as coisas...por um mundo melhor, claro está...com a ajuda dos homens, não só pelos e para os nossos filhos e netos mas por e para nós de forma a que possamos ir ainda a tempo de fruir de uma relação mais plena, igualtária, construtiva...e JUSTA.
Já é tempo...e ambos merecemos....
Por isso, deixo aqui o comunicado da Asociación de hombres por la igualdad de género e o site http://www.ahige.org/ ...é sempre positivo partilhar boas experiências e exemplos...podem inspirar-nos..espero semear boas ideias por ai....quem sabe o que pode nascer
RUEDA DE HOMBRES CONTRA LA VIOLENCIA MACHISTA

Poco a poco, va surgiendo una voz diferente. Los hombres por la igualdad estamos consiguiendo que nuestro mensaje llegue a más sectores de nuestra sociedad. Para ello, es muy importante que seamos capaces de construir, entre todos, un nuevo referente de masculinidad, basado en valores como el respeto, la igualdad, la solidaridad y la no violencia. Un mensaje que diga y nos diga que otra forma de ser hombre, es posible.

Tras la positiva experiencia del año pasado, en que vivimos la primera manifestación de hombres contra la violencia machista, en 2007 han surgido diferentes convocatorias de hombres por la igualdad contra la violencia de género. Nos felicitamos y felicitamos a los compañeros que a lo largo de todo el Estado, se están implicando en esta actuación social tan necesaria.

Varias ciudades acogerán estos actos: Sevilla, Madrid, Santiago, León, Barcelona, Málaga, Córdoba, Granada… y más.
Consistirá en la composición de una rueda de hombres y\nla lectura de un manifiesto. El lema específico elegido es: "VIVAMOS SIN\nVIOLENCIA". La convocatoria se plantea con dos objetivos:
En Málaga, haremos una RUEDA DE HOMBRES CONTRA LA VIOLENCIA MACHISTA, el próximo sábado, día 20 de octubre a las 19:30 horas en la Plaza de la Constitución.
Consistirá en la composición de una rueda de hombres y la lectura de un manifiesto. El lema específico elegido es: "VIVAMOS SIN VIOLENCIA". La convocatoria se plantea con dos objetivos:
- Hacer visible a la sociedad y, especialmente, al colectivo masculino, la existencia de hombres que trabajan activamente por la igualdad y contra la violencia machista.
- Invitar a los hombres a que participen en la próxima manifestación contra la violencia de género del 25 de Noviembre.
Esperamos contribuir a un cambio social. Queremos un mundo en que los hombres contemplemos el problema de la violencia ejercida sobre las mujeres, como un asunto propio en el que hemos de implicarnos sin reservas.
Todos y todas hemos de posicionarnos claramente contra la violencia de género.
Todos y todas ganamos con la igualdad.
Nos vemos el sábado, día 20, a las 19:30 horas, en la Plaza de la Constitución (Málaga)

Onde é que isto vai parar?

Fui dar um Seminário sobre Liderança à Escola Superior de Tecnologia de Oliveira do Hospital e outro em Coimbra no audititório do Instituto Superior de Engenharia para os alunos do Instituto Politécnico de Coimbra, no âmbito do projecto nacional Poliempreendedorismo...

São os tempos, os efeitos do Tratado de Bolonha a desafiar as instituições e os professores, mas acima de tudo, a criarem oportunidades novas aos alunos...propondo uma mudança de paradigma na relação entre os actores e os saberes, em que os estudantes passam a ser o centro do mundo mágico que é a aprendizagem...E eu sou reconhecidamente PRÓ...e por isso é um privilégio militar a favor do empreendedorismo com estes jovens universitários...

E comecei o seminário com um pedido à minha plateia...
"Quem acha que o mundo NÃO MUDOU nos úlimos 20 anos? Mãos no ar..." e para me certificar que não se trata de timidez...formulo a pergunta ao contrário......"Quem acha que o mundo MUDOU nos úlimos 20 anos? Mãos no ar..."
E depois vou reduzindo..para 10 anos, 5 anos...e acabo:
"Quem acha que o mundo NÃO VAI MUDAR nos próximos 5 anos? Mãos no ar..."

É assim que introduzo o tema "Um olhar sobre a liderança..." foi assim que lhe chamei...Mas não faço isto apenas como um icebreaker, porque é giro e está tão na moda...mas porque é muito importante que as pessoas actuem em função daquilo que já sabem...é que isto está mesmo a mudar e não vai parar...
Já é claro que cada vez existirá menos espaço para as pessoas não qualificados e que este impulso vai deixar muitos de nós para trás...está a deixar...e os não qualificados do futuro...não são "os outros" mas quem quer que se distraia ...enquanto o mundo avança...sempre...Mas também a verdade é que hoje integramos gestos no nosso dia a dia, que pressupõem competências com as quais nem sonhávamos há alguns anos atrás, meses atrás...

Por exemplo, hoje como o meu computador estava preguiçoso, comecei o dia a desfragmentar o disco...
Eu não percebo nada de infomática, mas a este ritmo...que será que estarei a fazer a esta hora no dia 7 de Novembro de 2012? Os computadores serão completamente diferentes...se calhar não existirá esta função...estarei a fazer qualquer coisa que hoje nem existe... Senão for assim, qual será a alternativa? Na melhor das hipóteses terei direito a um subsídeo que me permita não morrer aos olhos de todos...que é desagradável, humilhante...e incomoda quem passa...por isso prefiro não ser eu a desfragmentada, por isso esforço-me por contribuir para que não sejam aqueles com que me cruzo pessoal ou profissionalmente e sobre os quais sinto responsabilidades...é a minha parte, tento fazê-la...

E agora deixo aqui a pergunta "quem é que desfragmentou o disco do computador na última semana?"
É claro que o computador fica mais rápido, o meu ficou! Por isso se ainda não o fizeste, deixo aqui um conselho, desfragmenta o teu disco uma vez por semana...vais sentir a mudança...

terça-feira, 6 de novembro de 2007

Mete a virgula

"Se a mulher soubesse o valor que tem o homem ficaria de joelhos à sua frente."

MSN


Esta é a hora que também é a sua !
É um espanto encontrá-la sob o sono da cidade !
É como se houvesse um espaço e um tempo próprios fora do próprio espaço e tempo em que todos circulam...
Moonwalker

Casada...mas pouco

Há uns tempos atrás, um contemporâneo de curso que não via há muito tempo, convidou-me para jantar......O convite inesperado surgiu da conversa com um amigo comum, em que falaram no meu nome e vai daí ligaram-me em grande galhofa...
-Adivinha quem te quer falar?
-Ui, está frio, muito frio...
-Vou-to passar...
Eu não adivinhei, era o Miguel, depois de falarmos ao telefone, trocámos os contactos e ficou combinado que quando viesse a Coimbra em trabalho, teria muito prazer em me rever, claro está, se eu tivesse disponibilidade...
E a oportunidade chegou com um julgamento que foi fazer a Lisboa, pararia no caminho de regresso...de facto não nos viamos há tantos anos que até é um escândalo confessar e brincámos com a situação...eu ria-me e dizia-lhe que era quase um blind date e que arriscava não me reconhecer e ir para a mesa do lado, ele respondia-me que não me preocupasse porque garantidamente, quando o visse, me ia arrepender de ter aceite o convite...e por ai adiante!
O jantar chegou e até foi engraçado, reinava a boa disposição...a comida estava excelente, ele insistiu em mandar vir uma garrafa de Moet Chandon e dai para a frente o riso soltou-se, as memórias seguiram-se....relembrámos estórias de curso, episódios já esquecidos, foi muito divertido...e brindámos...

No meio das garfadas e gargalhadas lá fomos acertando o passo à vida...tantas novidades e surpresas...ele com duas "ex's" e avultadas pensões de alimentos a pagar...eu mais comedida mas já com um trunfo...um neto mais velho que o seu filho mais novo...fomos saltando de estória em estória, quando de repente começou a trovejar...não conseguimos chegar a tempo aos nossos carros e ficámos literalmente encharcados...a ponto de, na sua versão, as mangas do blazer terem encurtado de tal forma que não pode mais vesti-lo...
Apesar de estarmos desconfortavelmente ensopados, ainda fomos a um bar...onde por mero acaso, encontrámos logo uns colegas de curso...e a conversa alargou-se, e estendeu-se naquela de cotas que subitamente não lhes ocorre mais nada que não sejam as memórias que nunca mais existiram...mas que surgem em catadupa vá-se lá saber como e de onde...

Os colegas despediram-se e ainda ficámos no enredo das ex, dos filhos, dos desafios profissionais, e quando nos preparávamos pela milésima vez para sair, pedimos a conta e, começámos nos "pago-eu", "não-eu-é-que-pago", quando entrou o Dr. Silva, chamemos-lhe assim, que eu não conhecia pessoalmente, companheiro e suponho que também às vezes rival de lides partidarias, desportivas, autarquicas, sabe-se lá de que outras mais...do meu amigo...

Após as apresentações e as habituais deferências apercebi-me que estava a falar comigo na convicção de que eu era a 2ª ex do meu amigo...que por acaso, tem a mesma actividade profissional que eu...Fosse esse o motivo ou qualquer outro, a verdade é que o Miguel não desfez o equívoco e eu achei a situação divertida...de tal forma que, quando me foi acompanhar ao carro, desfizemo-nos em sonoras gargalhadas... E eu perguntava:

-Que mal fiz eu para merecer estar casada contigo? Como é que não desconfiou que estavamos bem dispostos demais para sermos casados?

Mas mentiras têm a perna curta... e há uns tempos atrás estava eu com um grupo de amigos quando avisto o Dr Silva e me apercebo de que está a aproximar-se...

-Olá Dra. que prazer...então e o marido, não veio?

-Não, Dr. tem trabalhado tanto que mal o vejo....

- Pois, sei bem o que é....

E dito isto, sinto o olhar da mesa em cima de mim...Apeteceu-me dizer-lhes...por favor, sejam discretos...

E foram, ninguém ousou perguntar a que marido se referia, afinal há anos sem conta que não me é atribuido nenhum, nem mesmo pelas piores línguas da cidade...Não houve comentários...só uns risinhos contidos...

De cada vez que saio, tremo...não venha o Dr. Silva querer noticias do meu marido...é que sinceramente não tenho!!!

Quanto ao Miguel, de vez enquando telefona e pergunta, com a sua pronuncia inconfundível do norte:

-Então como vai a minha legítima?

segunda-feira, 5 de novembro de 2007

Parabéns,David



Trabalho com adultos da idade da minha filha e tenho por todos o maior respeito...e depois fico a pensar em como também ela cresceu, sem avisar, e se tornou tão adulta...e que adulta!
Trabalha, estuda, mal tempo tem para dormir e parte-me o coração ver o msn dela ligado até de madrugada...enquanto trabalha...tento meter conversa mas ela corta:
"desc n posso agora"
ou
"acabar trabalho, bjs"
E temos que reconhecer...salvo raras excepções, a vida está muito dificil para quem está a começar...
Achei esta fotografia linda e elogiei a minha filha...elogiando-a...estou também a elogiar-me por a ter feito assim tão lindinha...e logo à 1ª....
Mas afinal não, a culpa é do fotografo...É que ela respondeu ao meu elogio:
-Sim, a foto está o máximo, gosto muito, para que serve estar casada com um fotógrafo?
E é bem verdade, tenho que me render ao talento e dar os parabéns ao artista com o desejo de que nunca desista...

Não mude de óculos...

Tenho um amigo que me mima com atenções, elogios e palavras de incentivos..

É claro que eu gosto de ser apaparicada..., todas gostamos, atrevo-me a avançar .... todos gostamos, porque não me venham cá com as diferenças de género relativamente à nossa necessidade de afago...é bom, claro que é...prá menina e pró menino!!!

Mas também tenho consicência da realidade...

E a realidade, é que somos todos uns adultos fantástico-e-mais não-sei-quês mas acima de tudo muito humanos e terrivelmente mortais...basta uma insignificante bacéria sem nome e "ai jasusssssssss"

Acima de tudo, ele é um cavalheiro, e claro está, noblesse oblige...

Às vezes tento refutar, mas agora decidi não contrariar...mais, até lhe vou pedir para nunca mais voltar ao oftalmologista e sobretudo "não mude de óculos..."

Bem se ele um dia chegar a ler este texto, o que eu espero....quero agradecer e retribuir-lhe, sim porque ele para mim também é todo especial...

Podemos empatar? Então, aqui ficam beijinhos....Já agora pode deixar um comment....se assim enteder...Ah ah ah

Alex, new babby

Tenho um amigo que me felicita pelo tom emocional do meu blog...
Ok, obrigada! Mas eu até sei que devia escrever sobre temas universais, filosóficos e politicamente correctos...mas não, vou escrever sobre o meu sobrinho novo, recentíssimo, ainda bebé de dias....que à nascença tinha 3. 9 kg e 53 cm...Ah! grande homem!
Claro que tenho preocupações ambientais e até faço separação do lixo, claro que me aflige a fome que mata milhões de crianças pelo mundo e graças a isso, quando era menina engolia as últimas colheradas de sopa, como se para compensar a fome dos outros, tivesse eu que ficar com a barriga empanturrada, claro que me afligem a pobreza, as desigualdades, a info exclusão e todas essas ameaças. Claro que... tudo isso...
Mas a verdade é que este espaço não tem por objectivo escrever sobre assuntos que interessam a todos... é apenas uma expressão da minha identidade neste mundo virtual...e sou assim...presa ao meu dia a dia, aos meus afectos, aos amigos e amores, passados, presentes e futuros...aos meus contos de fadas, aos meus lutos também, que nesta contabilidade da vida nem sempre é "soma e segue" e por vezes também temos que parar para descontar...
Mas a quem interessa que tenha nascido o meu sobrinho Alex Peter Guilherme? Pois interessa-me a mim e muito...Tanto que vou suspender as minhas actividades profissionais, os jantares dos encalhados, a escrita no meu blogue para o ir visitar...E por isso aviso...Não vou estar!!!
E já estou a viver por antecipação o cheiro a bebé, o calor da sua respiração profunda, o colo para o adormecer enquanto vou cantando "oh papão, vai-te embora, por debaixo do telhado..."
É claro que vou aproveitar para estar com as minhas sobrinhas, fortalecendo a cumplicidade entre gerações, construindo afectos e criando as memórias de futuro...e com a minha irmã o meu cunhado John...Vejam só a sorte que tenho em sermos uma só familia..
Mas também rever os amigos...Janine, Ling Ling, Francesca, Lisa, Maria João, que saudades!!!
Meus queridos todos, estou quase a chegar...claro, com a encomendas das chupetas que o Alex gosta de chicco mini gommotto ciliegia in puro cauchu neonato de 0 a 4 mesi e de forma redonda...
John, vai pondo o champagne no frigorifico...temos tanta coisa a celebrar TCHIM TCHIMMMMMMM!!!

Emocionalmente correcta

Pois é todos gostariamos de saber como...Mas existe e eu privo diariamente com uma pessoa com um coeficiente emocional elevado...digo-lhe isto e ela ri-se..."Oh, menina!...
É a minha Saozinha, pois claro!

As dificuldades económicas da familia obrigaram-na a abandonar a escola muito cedo, apesar da insistência da professora para que ela continuasse a seguir os estudos, "que era uma pena", apesar do desgosto da menina expresso em longas e duras lágrimas...a familia não se demoveu porque "tinha que ser" e lá foi ajudar no campo, que a vida é assim mesmo e as crianças não são poupadas, raramente o são...

Mais tarde, foi de criada de servir...e tivemos sorte de que nos tivesse adoptado desde os seus 14 anos...pois é, eu na altura tinha apenas 4 anos...Trabalho infantil? Ninguém falava nisso na altura...e ainda hoje não se fala o suficiente....

A menina cresceu, teve filhas e mais tarde uma neta e agora avó, continua a gostar de aprender e de recordar o prazer que a escola lhe dava quando era ainda criança e o dinheiro não chegava para cadernos...nem as letras se transformavam em pão...(É bom lembrar que ainda existem por ai meninos motivados, que não puderam e ainda não podem realizar os seus sonhos e seguir os seus estudos...)

Mas por este triste motivo, tivemos a felicidade de, desde então, a Saozinha integrar a familia e ainda trazer a dela...É sempre a mais entusiastica com os nossos sucessos e a mais resistente nas nossas horas mais longas...acreditando sempre que os momentos dificeis são apenas mais uma fase passageira... a menina vai ver...
Nunca ao longo destes anos, proferiu uma má palavra, revelou falta de vontade, fez o que quer que fosse contrariada...mesmo quando a vemos cansada ou doente esforça-se sempre por não nos incomodar...
E quer-nos sempre tanto bem que quando me sugere em jeito de pergunta: Cristinhinha, porque é que não leva aquelas calças que lhe ficam melhor? Claro que volto atrás e troco logo!

Hoje fiz-lhe esta surpresa, chamei-a e disse "Conceição, já estás na Internet"

E ela respondeu"Olhem bem onde é que eu já vou..." e selou o acontecimento com um abraço!!!

A minha amiga-borboleta

Nem tudo é fácil...nem tudo são boas memórias...e a vida também está carregada de momentos duros de ultrapassar...assim foi, com a doença da minha amiga Naty... Não é possível descrevê-la com palavras, nem esquecer a presença dela... e por isso a despedida também foi sui generis...

A Naty desenvolveu uma cancro fatal, daqueles que se aproveitam das hormonas, na fase pos parto e que constituem uma bomba-relógio silenciosa...Quando ela o detectou era tarde demais e havia detonadores espalhados pelo corpo todo...

Conheci-a já doente e a minha aproximação foi sempre com o intuito de a ajudar, sabendo que tinha escassos amigos em Portugal...e que se sentia muito mal com os tratamentos da quimio que repetiu diversas vezes... Comentava-se que a Naty já tinha excedido em muitas vezes o terrível veredicto do Prof Oliveira e que era referida sempre como um exemplo, um milagre, um caso de "fé", sei lá mais quê...

Mas apesar de tudo a Naty transpirava alegria e não obstante não ter cabelo, estar enjoada e ter consciência da evolução da doença, espalhava sorrisos e contaminava todos com a sua generosidade mpar e a sua beleza invulgar ... a sua presença era muito intensa.

Tenho que confessar que às vezes me custava pensar nisto tudo, fazer uma amizade que me prometia um sofrimento a tão curto prazo e que me prepararava sempre emocionalmente para os nossos encontros no sentido de lhe dar esperança, energia, um conforto, a palavra certa e se tudo falhasse o meu ombro...mas tal nunca aconteceu...foi sempre ao contrário...

Quando ia visitar a Naty, ela tinha tudo preparado ao milimetro..."we are going to pamper ourselves"...sim que a vida é curta , tão curta, "temos que aproveitar Ana Cristina..."
Desde o restaurante, às sessões de aromoterapia, às compras, aos passeios pela praia, aos cházinhos com as minhas especiarias favoritas...era tudo perfeito... De cada vez e sempre, uma experiência inacreditável, e eu conduzia de volta a casa, feliz, cheia, transbordante...Não me perguntem o segredo que também não sei...sei que era assim comigo e com todas as amigas..sei também que era de familia...
Quando o Nacho nos avisou da sua morte em Madrid, não queriamos acreditar...não era possível, ela resistira tantas vezes, e eu repetia para mim, em negação:
Vá lá Naty...
Por favor, Naty...
Agora NÃO!
Vá...aguenta-te amiga...
Mas ela já vinha encerrada, no seu ultimo percurso para Portugal, porque escolhera ficar num sitio lindo, numa aldeia no centro do pais...
E as horas que se seguiram foram alucinantes...contactar as amigas mais próximas, espelhadas por vários paises, encomendar flores, marcar viagens de avião, coordenar as chegadas para ir ao aeroporto...
Sentimo-nos imensamente ligadas intimas, na dor, na amizade, na perda...Era a nossa despedida da Naty, tinhamos que dar apoio à familia, conforto, a palavra certa... se tudo falhasse o nosso ombro...mas tal não aconteceu...foi ao contrário...Os pais não nos deixaram sair...tinham organizado tudo ao minimo pormenor...trataram de nós durante 3 dias..., consolaram-nos, enxugaram as nossas lágrimas e abriram garrafas de champanhe em ambiente de festa...a Naty tinha pedido para ser assim...please...don't cry!
A Jessy uma americana que tem um filho com uma doença terminal, chorava copiosamente, a criança adoarava a Naty...e ela tinha-o avisado...sabes tu e eu vamos em breve transformarmo-nos em 2 lindas borboletas...e vamos voar, voar, voar...
E por isso, se um dia me virem com um olhar abstrato, não me interrompam, certamente que estarei à procura da minha amiga-borboleta....

Relação feliz


É sempre muito imprevisível mas sentimos que arranjamos novas formas de nos divertir...

Eu própria me admiro com as nossas figurinhas...e pensar que andamos por aí...felizmente suficintemente irreconhecíveis, mas nunca se sabe....

Quem nos conhece não pode assegurar qual de nós é o mais infantil, quem é quem nestes jogos de faz-de-conta, mas isso tem alguma importância?

Estas considerações todas porque num dia destes , em contexto profissional, fiquei chocada com o relato de uma jovem mãe, que estando a contrariar a filha de 6 anos, para que esta se fosse deitar, a miúda terá respondido:
"Estás a ficar uma chata como a avó...."
Como quem??? Insurgi-me! Não tem que ser assim, nem deve ser...

Pelo menos no meu caso, tenho um neto que me ensina todos os dias a não ser cinzentona e a entrar no mundo mágico dele...É um privilégio, e eu digo-lhe isto muitas vezes e repito-lhe também:
"Ensina-me a ser tua avó"...
E quem não souber, que pergunte ao Tiago! Ele ensina...É que estas coisas também se aprendem, se quisermos...e eu não só quero como espero conseguir aguentar a pedalada dele para que ele continue a ensinar-me pacientemente!
É que juntos somos uns "ganda malukussssssssss...." Alguém duvida?

Um segredo

1 - Queria contar-te um segredo, lê a 5
2 - Estás com pressa? lê a 8
3 - És tão curioso, lê a 9
4 - Olha é o seguinte... é melhor leres a 15
5 - Eu não tenho coragem, por isso, lê a 17
6 - Gostaria de te falar, mas é melhor leres a 16
7 - Eu conto, mas... lê a 2
8 - É tão simples, por isso lê a 4
9 - Nao fiques nervoso, é uma questão de..., lê a 18
10 - Ainda não, mas... lê a 19
11 - Estás a ficar cansado, relaxa ... lê a 13
12 - Como eu estava a dizer... lê a 3
13 - Estás quase, quase a saber, lê a 20
14 - Gostava de jantar contigo, aceitas?
15 - Estás tão tenso, plizzzzzzz, lê a 6
16 - Tu ainda não entendeste não é? lê a 12
17 - Ah!! Estou com vergonha, lê a 7
18 - Eu nao sei se tu vais entender , lê a 10
19 - Lê a 11 com calma e saberás
20 - Agora eu conto, lê a 14, mas bem baixinho sim?!

citações

"Mieux vaut mourir de passion que crever d'ennui "
VanGogh

"Alguns casamentos acabam bem, outros duram toda a vida"
Woody Allen

"As emoções são contagiosas"
Daniel Goleman

"Sempre que o homem sonha, o mundo pula e avança"
António Gedeão

Mesquinho é quem não soube amar, nem jamais provo a embriaguês do amor


Birds of a feather, fly together

I'm astounded by people who want to 'know' the universe when it's hard enough to find your way around Chinatown. (Woody Allen)

Há três coisas que não envelhecem: a integridade, o senso de humor e a ternura.» Yves Montand

"We cannot become what we need to be by remaining what we are."

Se fizeres o que sempre fizeste terás o que sempre tiveste.

O dia pior gasto de todos é aquele em que nós não rimos.
S Chamfort

Só aqueles que arriscam ir demasiado longe ficarão a saber até onde podem ir.
T. S. Elliot

O mundo é redondo, por isso aquilo que às vezes nos pode parecer o fim, é afinal o princípio.

Sê a mudança que gostarias de criar.
(Ghandi)

Como melhoram as pessoas depois de começarmos a gostar delas!
(Grayon)

A alegria não está nas coisas, está em nós.
Goethe

Se queres ter uma qualidade comporta-te como se já a tivesses.
William James

A maior descoberta da minha geração é a de que os seres humanos podem alterar as suas vidas alterando as suas mentes .
William James

A qualidade das nossas vidas depende da qualidade dos nossos pensamentos.
Marcus Aurelius Antonius

O segredo não está em dar as respostas certas mas sim em fazer as perguntas certas.

Na minha maneira de ver, se quisermos o arco-íris, temos que aguentar a chuva.
Dolly Parton

A nossa maior glória não está em nunca cairmos, mas sim em nos levantarmos de cada vez que caímos.
Confúcio

Tudo aquilo que buscas encontras; aquilo em que te esforças, floresce…
Louise Hart

Sucesso é conseguir o que se quer; felicidade é gostar do que se consegue.
Lawrence J. Peter

A felicidade é uma escolha consciente, não uma resposta automática.
Milred Barthel

A confiança, como a arte, nunca advém de ter todas as respostas; vem de estar aberto a todas as perguntas.
Earl Gray Stevens

A vida não examinada não merece ser vivida.
William Shakespeare

Pensar apenas no melhor, trabalhar para o melhor e esperar
só o melhor.
Christian D. Larson

domingo, 4 de novembro de 2007

É mesmassim - o meu blogue e eu

Criei um blogue...simplesmente porque tenho um amigo que tinha um http://mariopinhal.blogspot.com
Eu sei que isto não parece um motivo nobre mas é...não foi por inveja mas por um contágio bom...Fiquei tão encantada com o dele que corri a escrever-lhe "Também quero, PLIZZZZZZZZZZ cria-me um...."
Isto foi em Maio...apressei-me a seguir as instruções que ele me deu prontamente e por telefone...e lá estava ... foi fácil criar um blogue...o que demorou a despertar foi a coragem, porque os blogues, como tudo o resto, fazem-se aos pedacinhos...de pedacinhos...como mantas de retalhos... só é preciso lançar a primeira palavra... esperar pacientemente que depois as outras surjam...vá-se lá saber como...mas acabam por vir...umas atraz das outras...como cerejinhas com os pezinhos entrelaçados , emaranhadas, juntinhas...chegam aos magotes...
De cada vez que ia buscar inpiração ao seu blogue, a minha espreitadela deixava-me ambivalente...por um lado, entusiasmada com a sensibilidade das fotos, a profundidade dos pensamentos e a harmonia patente em cada pormenor, por outro lado, a paralisia total, o desânimo completo ..."como é que eu consigo criar um espaço assim, para mim"?
E de facto o meu blogue não é "assim" porque o Mario é único, único na sua forma de ser, sentir, fazer, ver e escrever...uma pessoa toda especial...e o seu blogue é o espelho de um ser raríssimo, de quem espreita o céu com a própria alma, de quem vê com o coração... Por isso chamei ao meu "mesmassim"...e acho que também eu sou mesmassim, pronto!

Mas a minha estória com o Mário merece ser contada...emociona-me muito. Ele sabe simplesmente transformar os meus pesadelos em folhos ...desde um tempo em que eu ainda não tinha completa consciência de existir...e estará na minha vida até ao fim do meu percurso, à distancia, via skip, gmail, telepaticamente...o que for! Já o avisei!

Em Africa, mais precisamente em Moçambique, a minha mãe adoeceu gravemente. Foi hospitalizada e eu fui entregue aos cuidados da tia Belinha...mãe do Mario e de mais 3...e desde então também minha...É dificil falar disto sem me comover...Durante todo o tempo da convalescença da minha mãe, que corria risco de vida, eu fiquei em casa da famlia Pinhal, na Beira, integrada nas rotinas, nos carinhos e brincadeiras...como uma filha...A Bi era e a única menina até então e por isso sentia ciúme da intrusa e perguntava "Oh mãe, quando é que esta miuda vai para casa dela?"

E regressei a casa porque a minha mãe sobreviveu...eu acho que não tive consciência de nada disto...brincava com o Mário tranquilamente...e ele impedia-me de eu ir para a água...temos um filme desse tempo...eu obtinada a insistir, ele a travar-me o caminho, protegendo-me do perigo de me afogar...

Quando a minha mãe me foi buscar deve ter tido um choque terrivel porque eu me recusava a ir, e chorava que queria a mamã...que era simplesmente a minha tia Belinha...e claro o resto da cachopada, especialmente o Mário...Eu não tenho registo desse momento, mas o Mário tem, ele também funciona como uma memória colectiva, recorda-se ainda da cena em pormenor em que os meus pais me foram buscar!

Passamos anos sem nos ver...mas continuamos almas-gemeas. Não há nada a fazer. Somos irmãos ...

Desde então ele insiste em não deixar que eu me afogue, trata-me por "menina", "princesinha dos folhos" contagiando-me sempre com as melhores emoções, restituindo-me a serenidade nos momentos conturbados, apaziguando as minhas dores, cicatrizando as feridas profundas...com o seu o enorme bálsamo da amizade incondicional...e muito, muito mimo...

E foi assim, que o Mario me conduziu até ao meu blogue...E agora, como é? Quando é que me visitas, pá?

Poema II, Alberto Caeiro

'Não me importo com as rimas. Raras vezes
Há duas árvores iguais, uma ao lado da outra.
Penso e escrevo como as flores têm cor
Mas com menos perfeição no meu modo de exprimir-me
Porque me falta a simplicidade divina
De ser todo só o meu exterior.
Olho e comovo-me,
Comovo-me como a água corre quando o chão é inclinado,
E a minha poesia é natural como o levantar-se o vento...'

sábado, 3 de novembro de 2007

Obrigada Paulinha!!!

Bem, seria injusta escrever sobre a amizade sem referir uma pessoa muito especial....aliás ela já reclamou num comentário...

Chama-se Paula e conhecemo-nos há muito tempo...aquilo que ressalta à vista num primeiro contacto é ser ela uma mulher invulgarmente simpática, sexy, bonita, etc...daquelas de provocar acidentes de trânsito...é um incomodo andar com ela na rua...literalmente...Quem estiver interessado ou quem achar um exagero que confira...uma pista? Pesquise no AIFAIVE...eh eh eh...

Mas para mim ela é muito mais do que isso...é muito especial.

Somos amigas há muito tempo mas já estivemos meio azedas...interferências externas...e um dia zangámo-nos sim...e privámo-nos da companhia uma da outra durante anos...infantilidade, mas foi como foi...um tremendo e longo desperdício...

Não que ela não tivesse tentado aproximar-se mas eu tenho que reconhecer que fui orgulhosa, mais do que orgulho acho que foi a dificuldade que sinto em ultrapassar as minhas mágoas e decepções...leva-me tempo, muito tempo a digerir a infelicidade...
Até que ao entrar em 2007, estava a comemorar o Ano Novo no Reino Unido e influenciada pelas "new year resolutions" decidi que era tempo de reatar a relação...e mal cheguei comuniquei-lhe a minha decisão....ela era a prioridade de 2007 que já bastava de parvoices e sensibilidades!!!
E foi tão simples...desde então tem sido fantástico...temo-nos divertido imenso e não foi nada dificil restabelecer uma cumplicidade tão antiga... tudo com muita intensidade para recuperar o tempo perdido...desde ai tem sido uma festa permanente...

E tenho que confessar...se não fosse ela não teria ninguem a ler e a comentar o meu blogue...



PS. Além disso, tenho que reconhecer que cozinha optimamente! Isto porque quero que ela me continue a convidar, e é claro que tomei a sério a sua advertência!

O principezinho, por mim própria


O Principezinho é um hino à amizade e às relações que se constroem com paciência e autenticidade...e continuo a ser fã deste personagem fantástico que viaja com um bando de pássaros...e a quem a raposa contou o seu segredo:


" É muito simples:Só se vê bem com o coração. O essencial é invisível para os olhos"


Por isso, de tempos a tempos tenho necessidade destas verdades simples e lá volto a redescobrir e reler os diálogos.

Nunca achei que o livro fosse infantil, continúo a pensar é que as crianças têm mais facilidade em compreender e sentir as mensagens que nós crescidos e já tão esquecidos destas verdades fundamentais...mas que sabemos intemporais...

Quando a minha amiga de infância soube que ia ser avó, o meu neto passou de príncipezinho a príncipe, porque o dela era agora mais pequenino, e a vida é um continuo de sucessões...

Ainda no meio de todo o encantamento provocado pela noticia do bebé fomos comemorar o maravilhoso acontecimento com uma ida ao Teatro Politeama, em Lisboa juntamente com o principezinho exonerado e recem nomeado príncipe...

Mal nos sentámos nas cadeiras indicadas nos bilhetes, o Tiago confidenciou que já tinha visto a peça, que tinha ido com a escola, mas que não tinha dito nada porque achou que para a compreender precisava de voltar...sorri ao meu neto ...e respondi que sabia bem o que ele estava a dizer porque ainda sentia o mesmo... Há coisas que necessitamos sempre de relembrar para podermos compreender e viver melhor...há locais onde queremos regressar...

E foi desta forma que assinalámos assim a promessa do novo bebé tão desejado...

E ele chegou finalmente nos ultimos dias de um Outubro anormalmente quente para o receber...muita alegria e emoção... em volta do menino...e eu sem ideias para comprar uma prenda principesca...até que, ao passar por uma montra deparei-me com uma ovelhinha indefesa e inocente a precisar de uma caixa ... O próprio brinquedo era uma caixa de música linda! nada melhor para este novo Principezinho! levei-a logo, orgulhosa do meu achado...

E é lindo este menino...tão lindo que já tenho saudades dele...tantas!!! Espero sempre que a sua ovelhinha esteja a tocar para ele...

O principezinho, Antoine De Saint-Exupery

... Julgava-me muito rico por ter uma flor única no mundo e, afinal só tenho uma rosa vulgar...
Foi então que apareceu uma raposa .
- Olá, bom dia! disse a raposa.
- Olá, bom dia! - Respondeu delicadamente o princepezinho...
-Anda brincar comigo - pediu o princepezinho. Estou tão triste...
- Não posso ir brincar contigo - disse a raposa. - Ainda ninguém me cativou... Andas á procura de galinhas? (diz a raposa)
Não... Ando á procura de amigos. O que é que "cativar" quer dizer?
... Quer dizer que se está ligado a alguém, que se criaram laços com alguém.
Laços?
Sim, laços - disse a raposa. - ...
Eu não tenho necessidade de ti. E tu não tens necessidade de mim. Mas, se tu me cativas, nós teremos necessidade um do outro. Serás para mim único no mundo e eu serei para ti, única no mundo... Tenho uma vida terrivelmente monótona... Mas se tu me cativares, a minha vida fica cheia se Sol. Estás a ver, ali adiante, aqueles campos de trigo? ... não me fazem lembrar de nada. É uma triste coisa! Mas os teus cabelos são da cor do ouro. Então quando eu estiver cativada por ti, vai ser maravilhoso! Como o trigo é dourado, há-de fazer-me lembrar de ti...
-Só conhecemos as coisas que cativamos - disse a raposa. - Os homens, agora já não tem tempo para conhecer nada. Compram as coisas feitas nos vendedores. Mas como não há vendedores de amigos, os homens já não tem amigos. Se queres um amigo, cativa-me!
- E o que é preciso fazer? - Perguntou o princepezinho.
- É preciso ter muita paciência. Primeiro, sentas-te um bocadinho afastado de mim, assim em cima da relva. Eu olho para ti pelo canto do olho e tu não dizes nada . A linguagem é uma fonte de mal-entendidos. Mas todos os dias te podes sentar mais perto... Se vieres sempre ás quatro horas, ás três já eu começo a ser feliz...
Foi assim que o princepesinho cativou a raposa. E quando chegou a hora da despedida:
- Ai! - exclamou a raposa - Ai que me vou pôr a chorar...
... Então não ganhaste nada com isso!
- Ai isso é que ganhei! - disse a raposa. - Por causa da cor do trigo...
Depois acrescentou:
- Anda vai ver outra vez as rosas. Vais perceber que a tua é única no mundo.
O princepesinho lá foi... - vocês não são nada disse-lhes ele. - Não há ninguém preso a vocês... - não se pode morrer por vocês...
... A minha rosa sozinha. vale mais do que vocês todas juntar, porque foi a ela que eu reguei, que eu abriguei... Porque foi a ela que eu ouvi queixar-se, gabar-se e até, ás vezes calar-se. Porque ela é a minha rosa.
E então voltou para ao pé da raposa e disse:
- Adeus...
- Adeus - disse a raposa. - vou-te contar o tal segredo. É muito simples: Só se vê bem com o coração. O essencial é invisível para os olhos... Foi o tempo que tu perdes-te com a tua rosa que tornou a tua rosa tão importante. Os homens já se esqueceram desta verdade - disse a raposa. Mas tu não te deves esquecer dela. Ficas responsável para todo o sempre por aquilo que está preso a ti. Tu és responsável pela tua rosa...