Site meter

Matisse

Matisse

Maria&Matilde

segunda-feira, 17 de setembro de 2007

Apaga-me os olhos, Rainer Marie Rilke

Apaga-me os olhos, ainda posso ver-te.
Tranca-me os ouvidos, ainda posso ouvir-te,
e sem pés posso ainda ir para ti,
e sem boca posso ainda invocar-te.
Quebra-me os ossos, e posso apertar-te
com o coração como com a mão,
tapa-me o coração, e o cérebro baterá,
e se me deitares fogo ao cérebro,
hei-de continuar a trazer-te no sangue.

Rilke, in Livro das Horas

Foi assim


Tentativas artísticas

Foi uma esperiência de grupo fantástica...isso foi o melhor que conseguimos!!!

Recortámos pedaços e trouxemos...um bocado de cada um e nós...

Quem me traz o meu fantasma?


Estou a ouvir Abrunhosa e gosto, gosto muito... Adoro a letra, mas não concordo
Aquele era o tempo, em que as mãos se fechavam,
e nas luzes brihantes, as palavras voavam
e eu via que o céu, me nascia do vento
e a ursa maior, eram ferros acesos
marinheiros perdidos, em portos distantes
em bares escondidos, em sonhos gigantes
e a cidade vazia, a dar corpo ao asfalto
e alguém me pedia, que cantasse mais alto
Quem me leva os meus fantasmas?
Quem me salva desta espada
Quem me diz onde é a estrada?
Lá Lá Lá Lá Lá Lá Lá Lá
Ninguém fala em fantasmas...
porque os fantasmas são discretos,
não querem nada com jornais e TV
não aparecem nas festas
nem divulgam números de telemóvel...
Acho que é por não terem consultores de imagem
mas eu também não!!!
Por isso compreendo bem.
Os fantasmas são sempre interessantes
mesmo que não queiram
encerram segredos e mistérios...
em conclusão, fariasmos melhor se cuidassemos dos nossos fantasmas
E cada um devia possuir pelo menos um!
Aparecem ...UHHH... Ai que medo!!!
E desvanecem-se... contra a realidade, Oh que pena!!!

São cuidadosos, gostam de ter privacidade, XIUUUUU!!!!
É preciso repeitar, talvez o fantasma não resista à cidade, talvez seja um fantasma de verão, em férias...
Ninguém liga aos fantasmas, e só o Abrunhosa é que lhes dedica uma canção, eu gosto deles. Isto é nonsense mas é mesmo assim e por isso pedir-lhe-ia que cantasse mais alto...
De que serve ter a chave
se a porta está aberta
Quem me traz o meu fantasma?
Quem me liberta esta espada?
Quem me indica onde é a entrada?

As montanhas são azuis


Só custou a chegar...mas custou mesmo.


Mas era previsível...Sem indicações precisas...e "quintas da cerca"...ele há muitas, está bom de ver!!!


O stress de chegar rápido, de estar já tão atrasada, ia-se diluindo a cada palmo percorrido, dando lugar à contemplação de paisagens imensas, a partir de estradas de terra batida...
perdida claro,
sem mapa evidentemente,
sem rede de telemovel, já se sabe!!!

A vontde era parar...
e que se lixe o resto...
os compromissos,
as horas,
os atrasos,
os outros à espera...
inventar uma desculpa...
viver o momento...
Não parei, mas continuei a conduzir sem ansiedade, na estrada serpenteada, ...sem perder de vista o recorte das montanhas, companhia fiel nas curvas e contra curvas

É que as montanhas ao longe são azuis e há lugares onde custa a chegar e mais custa a deixar...por isso regressam connosco!

Era uma vez uma arvore


As propostas sucediam-se à medida que atingiamos os objectivos: Primeiro reclamavamos e depois mãos à obra...como meninos obedientes e adultos conformados...

Atenção que isto é uma formação séria...E é mesmo, sim senhor...porque nos inspira, envolve e transforma...Mudanças da metamorfose e de metáfora...Somos nós o produto desta formação, as ditas mudanças (da metamorfose e de metáfora) sentem-se na pele, na carne, no osso...Transformar sensações em conceitos e destes partir para imagens e acabarmos num caligrama!!! Somos nós o dito cujo caligrama.
Unidos numa viagem de percursos incertos e destinos desconhecidos...assim nos encontramos todos, entre risos, incertezas e expressões de admiração...surpreendendo e surpreendendo-nos, à medida que iamos perdendo o medo de olhar e ver, de ver e sentir, de sentir e pensar, de pensar e expressar, e sobretudo de arriscar muitos riscos, formas, manchas, texturas e gargalhadas... de reforçar laços invisiveis entre todos...
Construir e descontruir, fazer e desfazer, brincar com fragmentos e o efémero... Somos adultos, maravilhosos e tudo o mais e de repente, sentimo-nos intimidados por um papel branco, vazio mas depois a parada foi mais elevada...tinhamos que fazer uma instalação numa árvore....

Uma instalação? Nós? E a parada era alta porque desta vez eramos nós a sentirmo-nos progressivamente desinstalados...

domingo, 16 de setembro de 2007

Por falar em enjoar


Apesar de sermos um grupo de adultos sérios, informados e muitos de entre nós estarem ligados a actividades artisticas e todos certamente apreciarmos arte, a verdade é que reagiamos de forma timida, meio assustados perante a frieza do enorme papel de cenário e a atracção pelas cores atrevidas... do cromatismo timbrico!!! Cromatismo quê? Não me posso esquecer...heraldico, local...

Se tivesse pensado antecipadamente na minha paticipação teria expectativas quanto a encontrar respostas rápidas, identificar acertadamente os estilos, reconhecer prontamente autores e quanto à capacidade de questionar as minhas próprias certezas...

Que grande engano! Nada disso aconteceu...não foi preciso abanar muito para toda uma construção de conceitos e experiências se desmoronar e me deixar ali muito mais pequenina no meio dos destroços com um mundo vastissímo à frente...enorme e desconhecido! Um mundo para me aventurar! Viagens que quero fazer! Só me resta um pensamento! E vá lá, é positico...Ainda bem que não enjoo!!!

Experiências da Formação Tecnologica e Artistica


A propósito de uma mensagem que escrevi para um amigo, sobre a formação em que participei e que decorreu em regime residencial numa quinta em Tábua, acabei por reflectir e registar algumas impressões sobre esta experiência que lhe defini num email como intensiva e absorvente...

Mais uma vez, dei-me conta de um aspecto muito interessante e frequente, na formação de adultos, um fenómeno colectivo de regressão que nos faz a todos, comportar como terriveis meninos traquinas...começa com uns sinais mal perceptiveis, aparentemente inofensivos, e vai-se alastrando num perigoso contágio e com agravamento da sintomatologia.

A nossa animadora esteve bem, não se deixou intimidar e geriu bem a nossa turbulência conduzindo-nos através de inúmeras desafios: realizamos muitas experiencias, mil aventuras...
Estavamos visivelmente satisfeitos mas isso não nos impedia de protestar da dificuldade das tarefas, reclamando por um intervalo, queixando-nos do cansaço...à medida que trocavamos olhares cumplices...e sorriamos, de cada concessão obtida...

Sentimo-nos todos tão infantis, era essa aliás a natureza da felicidade que comungávamos!!!